Em meio a surto de zika, governo quer
entregar Ministério da Saúde para...
engenheiro civil
Para se livrar do impeachment, presidente Dilma distribui
cargos a aliados sem qualificações necessárias. Confira outro
nomes
Correndo contra o tempo para recompor suas bases e sobreviver ao processo de impeachment, o governo da presidente Dilma Rousseff coloca à mesa seus principais ministérios, e o critério para a escolha dos nomes deixa de lado as atribuições técnicas para cada pasta para priorizar os votos favoráveis à petista na Câmara dos Deputados. Em ano de surto de zika vírus, por exemplo, o Planalto decidiu convidar para o comandar o Ministério da Saúde o deputado Ricardo Barros (PP-PR), um conhecido articulador político que não carrega em seu currículo nenhum conhecimento na área médica.
Formado em engenharia civil, Barros ganhou maior protagonismo na Câmara no ano passado ao assumir o papel de escudeiro do governo na função de relator do Orçamento. Na ocasião, ele saiu em defesa da retomada da CPMF, o imposto do cheque, um dos principais pleitos do Planalto para recuperar a economia, e deu aval à mudança da meta fiscal.
O PP, partido de Barros, tem 49 deputados e sofre dura pressão de correligionários para abandonar a aliança com o Planalto. Em reunião nesta quarta-feira, a cúpula da legenda decidiu agendar para meados de abril a data da convenção para discutir o desembarque. O governo, que precisa de 172 votos para fugir do impeachment, tenta conter o movimento oferecendo um dos mais robustos cargos na Esplanada dos Ministérios.
Se confirmado no posto, o parlamentar será o único ministro da Saúde desde o governo Lula a assumir o cargo sem ter a mínima experiência médica. À exceção de José Agenor Álvares da Silva, que é bioquímico e sanitarista e esteve à frente da Saúde entre 2006 e 2007, desde 2003 todos os titulares da pasta foram formados em medicina.