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domingo, 22 de abril de 2018

Gestão no STF pode ser usada como referência para possível programa de governo de Joaquim Barbosa

SÃO PAULO — Com raras aparições públicas e entrevistas nos últimos anos, Joaquim Barbosa não facilita a vida de quem tenta descobrir as propostas que sua eventual candidatura apresentaria ao país. Mas, de acordo com aliados, um dos caminhos para decifrar o pensamento do virtual presidenciável do PSB é olhar para o passado
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Barbosa deve usar ações de sua gestão à frente do Supremo Tribunal Federal (STF), entre 2012 e 2014, como exemplos de programas de contenção de gasto de uma possível campanha à Presidência da República. Entre os destaques está o baixo número de nomeações para cargos comissionados e a articulação feita para que a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Judiciário (Funpresp-Jud) contratasse uma empresa de headhunter para selecionar os integrantes de sua diretoria.
As duas medidas tomadas no comando do STF sinalizariam que o ex-ministro pretende seguir preceitos defendidos pelo mercado como a redução dos cargos comissionados e a profissionalização da gestão pública.
De acordo com pessoas que trabalhavam na Corte, ao assumir a presidência do Supremo, o ex-ministro trocou apenas quatro pessoas na equipe de auxiliares: o chefe de gabinete, o diretor-geral, o secretário de comunicação e o responsável pela área de segurança da Corte.
O ex-ministro do STF considera, de acordo com um aliado, que o país precisa entrar num regime “capitalista de verdade” em que as empresas sejam mais competitivas e cortem a sua dependência do Estado.
Por outro lado, ao mesmo tempo em que pretende se vender como capaz de implantar medidas que agradem ao mercado, Barbosa também se define como “um social-democrata”. Na sua visão, o Brasil precisa ter um colchão social para “mitigar a miséria”. O modelo de Estado de bem-estar social que observou quando viveu na Finlândia nos anos 1970 ajudou a moldar a sua visão econômica, assim como as suas passagens pela Alemanha e pela França.
“A grande marca do Brasil é a desigualdade”, é uma frase que Barbosa costuma repetir, segundo um aliado.
Mesmo antes de bater o martelo sobre a candidatura, o ex-presidente do STF pretende inciar, nos próximos dias, uma série de conversas com economistas e especialistas nas áreas de saúde e educação.
Uma das tarefas de Barbosa será conciliar as suas ideias com os princípios do PSB. Em 2014, com Eduardo Campos na cabeça da chapa, o partido optou por um caminho bastante liberal na economia. Uma das propostas encampadas na época, e mantida quando Marina Silva assumiu a candidatura depois da morte Campos num acidente aéreo, era a independência formal do Banco Central.