A chikungunya se alastra em Pe
Em várias cidades a produtividade caiu pela metade, pois o trabalho manual fica comprometido quando a doença atinge as articulações.
Os casos de chikungunya também se alastram rapidamente em Pernambuco e comprometem a economia de pequenas cidades. Já está faltando rendeira na linha de produção.
Pesqueira é a terra da renda. Uma fábrica, que fazia lindezas em forma de lençol, guardanapo, roupa de bebê para mandar até para a Europa, está prejudicada. A produtividade caiu pela metade.
“De nossos 73 funcionários, apenas quatro não tiveram ainda chikungunya”, conta o empresário Carlos Alberto Medeiros.
“Tem dia que a gente vem porque é obrigado a vir, né?”, diz uma rendeira.
Risoneide dos Santos está entre as imunes até agora. Não sabe como se safou.
“Primeiro foi minha irmã, depois foi meu cunhado, depois meu pai, minha mãe”, lembra a costureira.
A quantidade de máquinas paradas no local denuncia o quanto a economia da cidade sofre junto com seus funcionários. Tem sido assim em quase todo o estado. Há casos de chikungunya registrados em 82% dos municípios pernambucanos.
Este ano, foram notificados 12.269. E 288 já foram confirmados. Duas pessoas morreram.
Na cidade de Poção, 90% dos moradores vivem de fazer renda. Para fazer um vestido é preciso ter paciência. Tempo também. São pelo menos três meses até que o trabalho seja concluído. E muita habilidade com as mãos. Cada ponto precisa ser feito com toda precisão para que não se perca a delicadeza da renda renascença.
Costurar, passar, quando as articulações doem, não é brincadeira.
“Eu não tenho outro emprego. Nós só dependemos dessa renascença mesmo”, diz uma rendeira.
Nos pequenos povoados, a renda é importante como a agricultura. Numa região seca como esta, o cuidado com a água armazenada vem livrando Aparecida da doença.
“Garrafa, nunca deixo de boca pra cima, é sempre emborcado, né. Não deixa lixo, pneu, a água sempre coberta”, diz a rendeira Maria Aparecida Alves da Silva.